Como usar uma ferramenta diferente de coleta e análise de dados de nova geração?

Neste post, vou focar no SenseMaker®: as diferentes configurações e usos; o valor agregado; o contexto apropriado para cada um; o propósito ao qual cada um serve. 

Cada uma das diferentes configurações do SenseMaker é bastante concreta em sua definição (carimbada e aprovada por Dave Snowden e pela equipe da The Cynefin Co, junto com alguns de nossos membros da rede).  

Quanto aos contextos aplicados e às praticidades de cada uma dessas configurações, não declaro isso como verdade absolutamente, mas com base em vários anos trabalhando com o SenseMaker e centenas de projetos em meu currículo (e muitas histórias de guerra!), estas são minhas recomendações e insights pessoais.  

Se você é novo no SenseMaker, pode começar com o básico de ‘O que é o SenseMaker?’ Confira este pequeno vídeo antes de mergulhar no restante deste post. 

Para mim, o SenseMaker é como o canivete suíço das ferramentas de pesquisa/dados, dependendo se você deseja fazer: 

  • Pesquisa Narrativa; 
  • Pesquisa de Métodos Mistos; 
  • Gestão de Mudanças / Avaliação; 
  • Fornecer Suporte à Decisão; 
  • Sensemaking em Organizações; 
  • Etnografia Digital; 
  • Ferramenta de Pesquisa Quantitativa com Visualização Simples de Dados; 
  • Inteligência Coletiva e Iniciativas de Crowdsourcing. 

Existe uma configuração para cada trabalho! Com uma assinatura do SenseMaker, você pode projetar e configurar conforme a necessidade, ou aproveitar nossos projetos de exemplo (mais sobre isso depois). Note que estarei falando sobre as configurações da ferramenta SenseMaker, não as estratégias de disseminação e coleta de dados; ou seja, entrevistar/autorresponder. Deixarei isso para outro post em uma outra oportunidade. 

Unsurvey 

O uso: historicamente é o uso mais popular e mais documentado do SenseMaker ®, onde ele é usado como uma alternativa a ferramentas de pesquisa como Survey Monkey ou Qualtrix. Pode ser aplicado compartilhando uma URL, via entrevista ou na coleta por aplicativo, e os participantes geralmente respondem de uma tacada só ou em diferentes momentos, como antes e depois de uma intervenção.  

O que há de especial nesta ferramenta de coleta de dados?  

Esta é a forma mais simples do SenseMaker®, geralmente estruturada para ter uma pergunta (referida como um ‘prompting question‘ — algo como ‘pergunta instigante’) aberta (não-hipótese) para coletar uma micronarrativa no início. Isso é seguido por uma variedade de tríades (triângulos), díades (controles deslizantes), stone canvases, perguntas de texto livre e perguntas de múltipla escolha.  

A razão ou valor de usar o Sensemaker: perguntas abertas são usadas no início como uma forma de fazer uma varredura na diversidade de narrativas e experiências. Isso é uma maneira de permanecer aberto para ‘desconhecidos não conhecidos’. A narrativa é então seguida por perguntas com significadores que permitem ao respondente adicionar camadas de significado e contexto à narrativa (ou experiência) para permitir métodos de análises mistos, para mapear e explorar padrões.  

Um caso ou cenário que melhor se adapta: você está no início de uma jornada de mudança cultural na organização e deseja ter uma compreensão inicial de como é a cultura no momento, o que está acontecendo e quais as tensões e fatores em jogo. Como em uma pescaria, você lança uma rede bem ampla e faz uma exploração inicial antes de começar a se concentrar em coisas específicas de forma mais aprofundada.  

Aqui está um exemplo de um coletor sobre cultura no local de trabalho.  

MassSense 

O uso: Mais uma das abordagens mais bem usadas e testadas, comumente usada para planejamento de cenários e consultoria sobre ideias ou conclusões, semelhante ao Unsurvey. Pode ser administrado compartilhando uma URL, por entrevista ou através do aplicativo. Os participantes geralmente respondem como um pulso único ou uma série de MassSenses diferentes (cada uma com diferentes provocações). 

O que há de único sobre isso: O diferencial chave de um MassSense é que ele reúne múltiplas perspectivas sobre um único item/questão (geralmente usando uma imagem, declaração ou estudo de caso como a provocação ou item a ser feito sentido). É particularmente útil entender como diferentes pessoas veem ou experimentam um fenômeno ou coisa de maneiras diferentes. 

A razão ou valor para este uso: enquanto o Unsurvey é sobre abrir nossa consciência para a diversidade e a multiplicidade de histórias e atitudes dentro de um ecossistema mais amplo, o MassSense é sobre focar a atenção em uma única coisa (ou proposição) e entendê-la por diferentes perspectivas. Pode ser útil para mapeamento de atitudes, geração de microcenários ou aprofundamento em questões ou conceitos específicos. O MassSense geralmente requer menos tempo dos respondentes e pode ser bastante lúdico/gamificado, então pode ser particularmente útil quando você precisa fazer uma captura de sentimentos rápida e focada, ou quando seus respondentes têm pouco tempo ou tradicionalmente houve taxas de engajamento mais baixas. 

Um caso ou cenário que melhor se adapta: Continuando com o exemplo de jornada de mudança cultural organizacional, talvez você tenha feito uma verificação inicial da cultura organizacional (usando um Unsurvey com SenseMaker® ou de outra forma) e você identificou alguns pontos específicos de estagnação ou soluções potenciais. Agora, você poderia configurar um MassSense para testar essas conclusões ou ideias para ver como elas podem ser recebidas ou refinadas. 

Você pode encontrar um exemplo de MassSense organizacional aqui

Genba 

Alguns antecedentes: originalmente desenvolvido na Toyota, em torno da ideia de ‘Go-Look-See’, a ideia de Gemba (ou Genba) na linha de produção e gerenciamento de qualidade é focar a gestão no que está realmente acontecendo no chão de fábrica. Isso implica em envolver todos os atores, tanto os trabalhadores do chão de fábrica quanto os executivos, em observar micro anomalias, oportunidades de melhoria e áreas de preocupação. É parte da filosofia geral de gestão enxuta e está ligado ao conceito japonês de Kaizen ou melhoria contínua. Faz parte de um conjunto de métodos e conceitos que proporcionam aprendizado específico de contexto por meio do envolvimento no ‘lugar onde realmente acontece’. 

A implementação de Genba do SenseMaker® leva o conceito de ‘Go-Look-See’ e o aplica em uma abordagem de ecossistema mais inclusiva. Levando o conceito original de Genba e aplicando-o por meio da etnografia distribuída e do Journaling do SenseMaker, permitindo assim ainda mais aprendizado em rede e atuação no aprendizado e desenvolvimento organizacional. O sistema Genba pode ser usado para programas de aprendizado de lições em tempo real, em vez de apenas retrospectivamente; e para gerar troca de conhecimento entre silos sem mediação central. 

O uso: Uma aplicação do Genba do SenseMaker usa uma estrutura central de perguntas com a adição de ramos para fornecer perguntas diferenciais, dependendo da entrada selecionada. Por exemplo, a primeira pergunta (de múltipla escolha) que você vê em um SenseMaker® Genba oferecerá uma variedade de opções para o tipo de contribuição que você pode fornecer (ex.: Compartilhar uma: Ideia, preocupação, observação etc.), e dependendo de qual você selecionar, você será apresentado a um conjunto de perguntas que se relaciona com essa seleção. Um Genba pode ser visto como modular no sentido de que você pode escolher por adicionar tipos de contribuição ou mantê-lo limitado a apenas a alguns selecionados. Esses diferentes ramos ou módulos permitem que os respondentes sejam questionados de maneiras diferentes (ou às mesmas perguntas de maneiras diferentes) para refletir a maneira como eles estão fazendo sentido da experiência que compartilharam. Um sistema Genba pode ser configurado para ser genérico, mas também pode ter módulos adicionais em relação a consultas específicas; o grande bônus é que, uma vez que você estabeleceu um conjunto de pessoas no sistema de diário, você pode enviar notificações e novos conjuntos de perguntas conforme necessário. 

O que há de único sobre isso: Genba não requer um “prompt” inicial como com o Unsurvey ou MassSense, mas é mais um diário com uma estrutura muito leve na forma de uma pergunta de múltipla escolha para selecionar ‘que tipo de entrada é esta’. Também é possível usar lógica condicional para que as perguntas subsequentes (ou fraseologia) mudarem dependendo do tipo de entrada selecionada. Ao contrário das outras configurações do SenseMaker®, o Genba mantém um relacionamento em rede com os participantes, permitindo o compartilhamento de dados entre os participantes e notificando os participantes por meio de lembretes, prompts ou novos conjuntos de perguntas. Uma vez coletados os dados, a capacidade de sobrepor, agrupar e comparar respostas de diferentes tipos de respostas oferece um grande potencial para aprendizado em diferentes contextos, como mapear desafios contra ideias, por exemplo, para gerar inovação e gatilhos exaptativos. 

A razão ou valor para este uso: A verdadeira beleza de uma configuração completa do Genba é que ela pode integrar todos os outros tipos de instâncias do SenseMaker® além do design básico do diário. Membros de uma coleta Genba podem ser notificados para responder e podem receber novos conjuntos de perguntas (como um MassSense ou Unsurvey) quando necessário. 

Um caso ou cenário que melhor se adapta: durante o ‘business as usual’, o diário Genba pode ser usado para colher insights ou observações que as pessoas sintam que precisam ser prestadas atenção em tempo real (como desafios, oportunidades e dilemas). As contribuições podem ser compartilhadas por toda a rede ou com restrições sobre quem pode ver o quê. Isso pode ser usado para fornecer as bases para retrospectivas e de sensemaking coletivo, além de atuar como um banco de memória organizacional que pode ser usado para mapear mudanças ao longo de períodos mais longos de tempo. Além disso, em circunstâncias extraordinárias, como uma crise ou proposta de mudança de política, seria possível disparar um Unsurvey ou MassSense para consultar com o pessoal do Genba em tempo real. Você pode encontrar uma demonstração básica do Genba aqui

Nota: com agradecimentos especiais a Paul Ader por ajudar a aprimorar algumas das explicações comigo. 

Caso você esteja interessado em utilizar a Ferramenta SenseMaker® para uso organizacional, condução de pesquisas ou por motivos pessoais, entre em contato conosco para obter mais informações e orientações detalhadas aqui

*este artigo foi traduzido pela equipe The Cynefin Company Brazil
fonte:
https://thecynefin.co/how-to-use-data-collection-analysis-tool/