Contexto
O cliente
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) é uma instituição pública brasileira dedicada à pesquisa aplicada, ao desenvolvimento tecnológico, à inovação e à prestação de serviços especializados para indústria, governo e sociedade. Fundado em 1899 e vinculado ao Governo do Estado de São Paulo, o IPT está localizado no campus da USP, no bairro do Butantã, em São Paulo. Com mais de 120 anos de trajetória, é um dos mais relevantes centros de ciência e tecnologia do país.
O desafio
No ecossistema organizacional do IPT, os pesquisadores desempenham um papel estratégico: são essenciais no avanço da ciência aplicada e na entrega de soluções que impactam diretamente setores público, privado e social.
No entanto, levantamentos internos revelaram sinais recorrentes de sobrecarga de trabalho entre esses profissionais.
A complexidade estrutural do instituto — marcada por seu porte, diversidade de áreas e multiplicidade de projetos — tornava difícil compreender com precisão as causas desse fenômeno. Era necessária uma investigação aprofundada nas experiências reais de quem vive o dia a dia do IPT, capaz de captar a pluralidade das experiências e fornecer um entendimento acurado e coerente com a realidade organizacional.
Abordagem
Reconhecendo a complexidade do desafio, o IPT iniciou uma jornada de investigação em parceria com a The Cynefin Co. Brazil, utilizando o método de sense-making como fio condutor.
Baseado na construção coletiva e contínua de significados, o sense-making permite que os próprios indivíduos interpretem suas experiências dentro do sistema. Isso foi possível graças ao uso do SenseMaker®, uma ferramenta que viabiliza a coleta e análise de narrativas em larga escala, interpretadas pelos próprios participantes.
Nesse processo, cada pessoa assume simultaneamente os papéis de fonte e intérprete de sua vivência, atuando como etnógrafa de si mesma. Essa abordagem possibilitou a integração de dados qualitativos e quantitativos de forma inovadora, revelando padrões e singularidades que compõem um retrato mais preciso e contextualizado do sistema organizacional.
O projeto se estruturou em três fases principais:
Fase 1
Conceitualização e elaboração do coletor
4 semanas
Fase estratégica para todo o projeto — definição da estrutura metodológica que estruturou todo o processo de sense-making:
- Delimitação do escopo temático;
- Formulação do questionário central;
- Criação do coletor digital, instrumento utilizado para captar as narrativas e os dados interpretativos.
Fase 2
Coleta distribuída
3 semanas
A coleta foi descentralizada, anônima e acessível a partir de qualquer dispositivo (desktop, tablet e mobile). Isso garantiu uma ampla adesão, de forma espontânea e respeitando o tempo e o ritmo de cada participante. A autonomia dos pesquisadores ao significarem suas histórias foi um aspecto essencial do processo — possibilitado pelo SenseMaker® — e fortaleceu a legitimidade dos dados coletados.
Fase 3
Análise de dados e leitura dos padrões emergentes
3 semanas
Os dados coletados, combinados com as narrativas e as significações estruturadas, foram analisados em conjunto, o que possibilitou o reconhecimento de padrões emergentes sem a imposição de categorias prévias — ou seja, o sense-making permitiu que os significados fluíssem diretamente da experiência dos participantes.
O software SenseMaker® gerou visualizações como mapas de dispersão e gráficos de densidade, que ajudaram a identificar agrupamentos de percepções, tensões recorrentes, zonas de ambiguidade e pontos fora da curva — revelando não apenas o que os pesquisadores estavam vivendo, mas como interpretavam essas vivências. Isso possibilitou análises mais profundas sobre cultura organizacional, engajamento e fricções no trabalho.

A partir dessas leituras, foram realizadas oficinas colaborativas de validação, envolvendo múltiplas perspectivas, o que permitiu consolidar um diagnóstico coerente com as características do contexto da instituição.
Resultados
O projeto alcançou mais de 80% de engajamento do universo de pesquisadores — um resultado expressivo que possibilitou captar a diversidade de contextos e desafios vividos no instituto.
As narrativas revelaram diferenças entre unidades, perfis profissionais, tipos de projeto e formas de relacionamento com clientes. Ao mesmo tempo, emergiram padrões que apontaram para oportunidades de colaboração entre áreas, sentimentos ambíguos sobre o ambiente de trabalho e tensões latentes que não seriam percebidos por métodos convencionais.
Outro destaque foi o processo de transferência de conhecimento: ao longo do projeto, um grupo multidisciplinar de líderes participou ativamente de todas as fases do trabalho — capacitando o próprio IPT a utilizar o método de sense-making de forma autônoma em futuras iniciativas.
Por fim, a parceria entre o IPT e a The Cynefin Co. Brazil possibilitou que o instituto se capacitasse para identificar melhorias em seus aspectos internos, reconhecendo elementos latentes e emergentes de sua cultura institucional e obtendo subsídios mais precisos para intervenções estratégicas e aprimoramentos na gestão do trabalho dos pesquisadores. Um passo importante rumo a uma gestão mais adaptativa, consciente e alinhada à singularidade de sua missão pública.