O Estuarine Mapping tem se mostrado uma abordagem valiosa para identificar e compreender o custo de energia e tempo necessário para modificar itens gerenciáveis disponíveis em um sistema. Esses itens, conhecidos como actantes, moldam e influenciam o sistema, podendo produzir uma variedade de fenômenos ordenados, complexos e caóticos.
Uma das funcionalidades interessantes do Estuarine Mapping é a identificação de zonas contrafactuais, liminares e voláteis no gradiente de energia e tempo necessário para modificar os itens. A zona de volatilidade, em particular, é um assunto que frequentemente gera dúvidas entre os participantes dos processos de mapeamento. Por essa razão, é fundamental esclarecer alguns conceitos e fornecer exemplos para iluminar o tema.
O que é volatilidade?
Volatilidade é um termo utilizado em diversos campos, como química, economia, finanças, negócios e ciência da complexidade, para descrever a propensão de algum elemento a experimentar mudanças rápidas e significativas dentro de um contexto. De forma geral, volatilidade refere-se à frequência e amplitude das variações que ocorrem em um determinado fenômeno.
Na química, a volatilidade refere-se à tendência de uma substância a vaporizar, ou seja, passar do estado líquido ou sólido para o estado gasoso. Substâncias voláteis têm pontos de ebulição baixos e evaporam rapidamente a temperaturas normais. A volatilidade é uma característica importante em processos como destilação e na formulação de fragrâncias e combustíveis.
Nas lentes da economia e finanças, a volatilidade é uma medida estatística da dispersão dos retornos de um ativo financeiro ou mercado. Ela indica o grau de variação dos preços de um ativo em um período específico. Alta volatilidade significa grandes flutuações de preço, enquanto baixa volatilidade indica preços mais estáveis. É frequentemente utilizada para avaliar o risco de um investimento, com ativos mais voláteis sendo considerados mais arriscados.
Em uma visão mais ampla de negócios, a facilidade de alterar os preços de certas matérias-primas pode causar volatilidade em uma relação comercial. Essa inconstância nos custos obriga os fabricantes a ajustarem frequentemente os preços de venda de seus produtos, criando instabilidade nas suas relações com os distribuidores e revendedores, que precisam lidar com pedidos imprevisíveis e variações na demanda. A volatilidade resultante pode dificultar a manutenção de uma cadeia de suprimentos eficiente e estável, impactando negativamente tanto a lucratividade quanto a confiança entre as partes envolvidas.
Volatilidade no grid de energia e tempo
Uma vez que os itens gerenciáveis (actantes no sistema) estão devidamente mapeados no grid de energia e tempo, os participantes do processo de mapeamento traçam uma linha, que pode ser curva e irregular, ao redor dos itens que estão posicionados no canto inferior esquerdo, indicando a região onde os actantes demandam a menor quantidade de energia e tempo para as mudanças acontecerem.
É importante destacar que, diferente de outras abordagens e técnicas, no Estuarine Mapping isso não significa simplesmente que temos itens “low-hanging fruit” numa jornada de transformação. Mudanças excessivamente fáceis e rápidas são, na verdade, consideradas indicativos de volatilidade e possíveis sinais de alerta.
O impacto dos itens gerenciáveis localizados nessa área deve ser analisado cuidadosamente. Caso os impactos causados pelos itens nessa zona sejam nocivos ao sistema, isso indica que esses itens são potenciais alvos para ações que busquem aumentar a energia e o tempo necessários para mudanças em torno deles como forma de estabilizá-los ou minimizar os riscos de consequências negativas no sistema.
Algumas considerações finais
A volatilidade descreve a propensão a mudanças rápidas e imprevisíveis dentro do sistema. Isso pode incluir variações nos comportamentos dos agentes, nas interações entre componentes do sistema ou nas condições ambientais. Alta volatilidade em um sistema pode levar a comportamentos erráticos e imprevisíveis, dificultando a manutenção de um estado estável. Otimizar o custo de energia e tempo para mudanças permite que elas sejam graduais e mais facilmente monitoradas, minimizando choques e perturbações súbitas. Um sistema estável é capaz de funcionar de maneira mais saudável, respondendo adequadamente às mudanças externas e internas.
o mapear onde as mudanças são mais rápidas e menos custosas, o Estuarine Mapping ajuda a identificar áreas vulneráveis a perturbações. Com essa informação, gestores em qualquer tipo de sistema social podem focar, de maneira estratégica, em aumentar a resiliência de características críticas, aplicando medidas que aumentem a energia e tempo necessários para mudanças, reduzindo assim os efeitos nocivos produzidos pela volatilidade.